Os autista pira!

Tanto aqui na casa Jawlensky quanto em nossa comunidade, muitos aldeões tem estampado em suas carteiras de identidade a palavra autista.
São praticamente oito anos convivendo diariamente com essas pessoas que, para mim, já se tornaram seres em si, únicos e com nome próprio. É claro que, como profissional, não posso ignorar as características evidentes e comuns que os une em um diagnóstico. Evito, como posso, generalizações excessivas, mas existem traços comportamentais dos quais eu não posso fugir. Um deles é a história da “universalização do fato”. Por exemplo, se em um domingo eu saio com um carro vermelho e busco uma garrafa de leite, isso significa que todos os domingos eu terei que sair com um carro vermelho para buscar uma garrafa de leite. Quando, por algum motivo, eu não poder ir, ou pegar outro carro, entraremos em crise.
Imaginem vocês que, desde sempre, as quartas-feiras o papel velho é recolhido para reciclagem. Ronald, com seu mini trator, passa em cada casa aqui da vila, junta, sorteia, empilha e os armazena de forma impecável.

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Eis que segunda-feira, Ronald telefonou para cada casa e comunicou que o recolhimento dos papéis ocorrerá não mais as quartas e sim as quintas-feiras.
Eu, na autoridade de pai de família, tive que compartilhar tal informação com meus excêntricos moradores. Após o comunicado, alguns segundos de absoluto silêncio e a manifestação, representada pela pintura abaixo, do que aconteceu.

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