Bamberg

Faz algumas semanas que, por três dias, abandonamos a comunidade e colocamos o pé na estrada em direção ao sul. A Baviera é um estado a ser descoberto aos poucos. Você escolhe uma cidade e a explora em detalhes, regozijando-se a cada ruela e canto secreto. Uma cidade, vocês sabem, é cheia de pequenas partes fabulosas que se escondem dos turistas. É preciso tempo e observação para encontrar uma preciosidade. No meu caso, tento sempre identificar os nativos. Acompanho seus movimentos, sigo-os despretensiosamente, pois não sei ao certo aonde vão. De repente acabo em lugares como este bar mexicano, um pouco afastado do calçadão histórico de Bamberg. Ainda não são bem cinco horas. Isso significa que o lugar está vazio. Eu cheguei até aqui porque, depois de um dia inteiro batendo perna, lendo guias turísticos e tirando fotos, a fome se apossou do meu corpo físico. Simone já está no hotel com Gabriel. O frio de um quase inverno os fez procurar um pouco mais cedo o quarto quentinho.

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Salada de feijão vermelho com milho em embalagem para viagem. Eu me acomodo em um daqueles bancos altos e almofadados perto do balcão e não peço cerveja. Fossem outros tempos tal atitude seria impensável, no entanto agora, com Gabriel, a sobriedade ganha status de felicidade. Desejo sempre estar duplamente desperto para interagir com ele, sem que ele seja obrigado a sentir o bafo alcoólico e fermentado da cevada.

Não mais do que esses parágrafos para que o pedido repousasse sobre o balcão. Enquanto eu pagava alguns jovens inauguravam a noitada saboreando doses cavalares de tequila. 

mex

Eu ajeitava a toca, o xale e a jaqueta para enfrentar o ar gelado. Depois de algumas esquinas, finalmente o hotel Central.

No fim do corredor, uma porta de vidro e o elevador antigo. Em uma das paredes do quinto andar um quadro do Rio de Janeiro e suas luzes. Duas portas adiante o nosso quarto. Eu dou umas batidinhas, Simone abre, Gabriel sorri e assim ficamos os três a curtir os embalos de um sábado à noite em Bamberg, tendo como vista principal da nossa janela o destino do dia seguinte….

catedralbam,berg