20:25 – O primeiro trecho se resumiu em sair de casa e encarar de frente tudo e todos que porventura pudessem aparecer. Fiquei estático e mudo diante da primeira árvore que vi. O modo como os galhos se entrelaçavam causava a impressão de que se tratava de um pequeno arvoredo.
Foi engraçado sentir como algo que está só pode afastar a ideia da solidão e representar a fartura da vida…
20:27 – No foco errado, as flores que me encantam, mostram de forma um pouco borrada o caminho que está por vir.
20:28 – O sol, com o sono de quem levantou antes das seis e trabalhou o dia inteiro, quase indo dormir, ainda me deu de presente folhas verdes e douradas.
20:31 – A primavera se confunde, em muitas ocasiões, com o outono.
 
20:32 – Pinhas pequenas em folhas finas e pontudas anunciam o fim da soberania arbórea. Dali em diante enfrentaria também objetos inanimados.
20:34 – Ferro e vidro. O lampião foi obrigado a abandonar o fogo. A modernidade instalou-lhe uma lâmpada eletrônica de baixo consumo.
 
20:36 – Senti-me, no exato momento em que enxerguei-as, infinitamente triste. Seria injusto postar a foto com cores.
20:39 – O carro vermelho desbotado lembra o nosso velho Gol. Estacionado em frente a um pequeno palácio, não faz jus, assim como eu, a nobreza que um dia ali residiu.

20:41 – A jornada prossegue num compasso próprio e poucos passos adiante encontro uma bicicleta jogada. Sinônimo de uma educação liberal e ineficaz.

 

  20:42 – Auto-retrato!
  

  

20:45 – O portão de ferro, embora aberto, me prende a um mundo do qual não faço parte, mas já não consigo mais sair.
 
     
 
  20:50 – Olho o céu pela última vez. Entre frestas deixadas por uma árvore que um dia se curvou e não conseguiu mais se reerguer.