Tenho tomado bomba

Quem me conhece sabe que sou um comentador fiel e o quanto me dói não passar por aqui, mas é que tenho tomado muita bomba nas últimas semanas. Quem já sofreu com isso entende que o efeito colateral é terrível. A vontade é de não fazer nada o dia inteiro, além do mais, acordo tonto, os músculos doem pra caramba, a dor de cabeça é insuportável. Minha mãe já tinha me alertado, mas eu a ignorei. Acredito que a pior coisa para um progenitor é saber que o seu filho toma bomba. Já vi famílias serem destruídas em noites que podiam ser de alegria com todos lobotizados em frente ao televisor assistindo a novela das oito. Triste é que só mesmo a pessoa em questão é que pode se ajudar, ninguém mais. Existem os profissionais especializados, mas eles só dão um empurrãozinho. O grande passo para a liberdade é daqueles que conseguem superar a inanição e passam a se dedicar aos exercícios e atividades.
Hoje lembrei com insuperável saudade a minha avó e como ela rezava o terço da libertação para que eu não tomasse bomba. Passava o dia inteiro a acender velas, por vezes ajoelhada e eu lá, rindo igual a um otário, achando que tomar bomba era o máximo. Por isso eu apelo: Não tomem bomba! Jamais façam isso com vocês nem com aqueles que vos amam.

É claro que não tem nada a ver com anabolizantes, sou completamente contra esse tipo de coisa. Falo de bomba na escola mesmo, ou no meu caso, aqui no “Campus” de concentração. Estamos nas provas finais e até agora só estou a sobreviver por esses pequenos milagres da vida cotidiana. Tenho alcançado com choros, improvisações, implorações, implosões e muita misericórdia, aquilo que considero o bem supremo da humanidade: A média mínima para passar.

Faltam duas semanas para as tão sonhadas férias de verão.  Até lá preciso escrever o projeto final que ainda não comecei (uma criteriosa análise de Thommy), encarar a terrível prova de enfermagem com aplicação de injeção ao vivo e tudo mais e como último obstáculo, um teste de anatomia com centenas de nomenclaturas alemãs. Até agora, em meu ritmo baiano acho que decorei, de trezentos e quarenta, apenas uns três nomes.

O fato é que meu previsível futuro de viciado em tomar bomba, como vocês podem perceber, está longe de acabar.