Vivenciamos durante esse mês o ápice da colheita. Entre abóboras, pepinos, tomates, batatas, cebolas, cenouras e infindáveis leguminosas mais, também partimos em busca de algumas frutas que fazem o nosso inverno mais feliz, como por exemplo, as maçãs.
Nos preparamos com baldes, sacos, escadas, entre outras ferramentas necessárias. Por enquanto tudo normal e até romântico. Colher frutinhas em meio a pés carregados em ondulados gramados verdinhos. Eis porém, que um dos heróis da dita apanha, cujo nome sem brincadeira, é Sr. Sério, resolveu ir junto.
O vulcânico Sr. Sério é um sujeito fabuloso, querido, simpático e inofensivo, quando está de bom humor. Quase sessenta anos, cabelos branquinhos, dois metros, alguns centímetros e uma força descomunal embaixo da jardineira azul, do chapéu de palha e das botas número 45.
Lá estava ele, apanhou uma, duas, três… Até que em determinado momento olhou para cima e no meio da testa levou uma“maçanzada” que chegou a partir a fruta ao meio.
Tentei, inutilmente, descontrair:
– Agora o senhor está mais próximo de Newton!
Só deu tempo para tirar uma última foto antes de correr…
O homem enfurecido começou a jogar as maçãs com toda a força. Esvaziou duas caixas. Primeiro em cima de mim, depois descontou sua ira na pobre árvore.
Passados alguns minutos, eu (por amor a minha vida) já do outro lado do campo, sou procurado pelo Sr. Sério que sorridente, me perguntou da forma mais educada possível:
– Stefan (me chamo Peterson, mas do jeito que as coisas estavam, qualquer nome seria válido) será que eu poderia comer uma maçã?