Que cagada meu!

É provável que vocês estejam vinculando o título do texto com o catastrófico início do parvo governo que chegou, como logra o embuste, para “mudar tudo o que está aí”. Na verdade, hoje não quero falar de política partidária. Encontro-me ainda em estado de choque pelo que meu pequeno aprontou. Sabem a expressão “engolindo sapo”? Todos engolimos sapos. Sapos grandes, sapos médios, sapos miúdos. Todo o tipo de sapo. Ficamos quietos, por motivo de força maior, diante de pessoas más e situações injustas. Há casos, raros, em que engolimos o sapo inteiro ou alguma de suas partes, digo isso no sentido literal do termo. O “ikizukuri”, por exemplo, é um prato onde um sapo é servido, para desespero de gente como eu, inicialmente vivo e, ao vivo, ele é morto para regozijo dos exóticos de plantão.
Aqui em casa não comemos sapo. Aliás, desde que me isolei no morro dos pássaros, foram raros os anfíbios que vi. Outro dia Benjamin ganhou de presente um sorridente sapinho verde de madeira que, em poucos minutos, se transformou no seu bichinho favorito. Brincou a tarde inteira com o novo brinquedo. Como seus dentinhos estão a nascer está a colocar tudo na boca. Por dedução lógica, o sapinho entrou na jogada. Estava ele lá, feliz, a morder o seu primeiro réptil de estimação quando deu uma pequena engasgada. Não dei muita bola porque logo ele me olhou e soltou uma risada.
Passado algum tempo, tirei-o da mesa e fui preparar o banho. Simone colocou-o na cama e eu voltei para arrumar as coisas. Foi quando vi o sapo 😳 com apenas um olho. Entrei em pânico. Procurei, em vão, o outro. Nada! Era fato, Benjamin o havia comido. Estava agora a dormir tranquilo. Até pensei em levá-lo para o hospital, mas ele parecia tão bem. Não quis tirá-lo do conforto, além do mais são trinta e dois quilômetros e no dia estava a nevar tão forte que os tratores que limpam a estrada não conseguiam dar conta do serviço. Resolvi, como pai de terceira viagem, esperar.
A noite passou e a manhã trouxe, com seus quase dez graus negativos, um solzinho tímido. Benjamin acordou disposto, comeu a papinha e, como de praxe, deixou o intestino funcionar. Para alegria minha e principalmente do sapo que estava a sofrer com a visão monocular, quando abri a fralda, o globo ocular do pobre anfíbio saltou sujo e assustado. Parecia querer voltar imediatamente para o seu dono.

Ps.: Até completar 21 anos, Benjamin não terá mais nenhum anfíbio de estimação!