Sou brasileiro e amo esse país por inteiro, do Chuí ao Oiapoque, mesmo com todas as suas discrepâncias e contradições. Afinal, fazemos parte de um único, misturado e lindo povo, que se espalha por 5565 municípios divididos em 26 estados.

Nasci no único que leva o nome de uma mulher. Uma santa que “conversou” e indicou a uma tal de Joana d’Arc onde estava a espada que mudaria a história da França. Não fizemos uma revolução como aquela, mas foi daqui que saiu a revolucionária Anita Garibaldi. Posso dizer, por essas e outras, que sou um autêntico e orgulhoso (no bom sentido que essa palavra pode assumir) Barriga Verde. Nome dado aos catarinenses, desde as épocas do heroico regimento que defendeu a nossa costa contra invasões inimigas.

Carreguei, porém, durante anos uma desconfiança. Tinha a impressão que éramos ignorados e passávamos batidos por grande parte do planeta. Puro complexo, os amigos diziam. Eu citava exemplos…

Os grandes shows, peças de teatro, exposições, depois de São Paulo, Rio, um bocado de outras cidades, tem como últimas apresentações o trecho Curitiba/Porto Alegre.

Na História aprendida no colégio, todo mundo sabe sobre Canudos, agora pouquíssimos ouvem falar do Contestado. Em literatura rola vez ou outra um “Cruz e Souzazinho”. Em artes quem diz que o belíssimo “A primeira missa no Brasil” foi obra de um Catarina?

Nos telejornais, aparecemos somente em quatro situações e coisa de no máximo três minutos: Oktoberfest, neve em São Joaquim, enchente e nos últimos tempos também ciclone extratropical. Teve, a séculos atrás, o simpático e talentoso Guga, mas depois de sucessivos fracassos ninguém mais lembra dele.

Agora, para finalizar o texto de forma cruel e acreditem, isso doeu bem mais em mim do que em vocês, ontem Leones, que mora aqui em casa, me mostrou um livro sobre os grandes rios do mundo (coisa da WWF). Dentro, um belíssimo mapa do Brasil. Veio o pedido:

– Podes apontar onde você morava?

Olhei a primeira vez, a segunda, a terceira… Até que, demasiadamente triste, minha desconfiança se tornou conclusão: Para o mundo a bela e Santa Catarina não existe!