O drama do rei

Ele estava resfriado e acreditava que iria morrer. König é um dos moradores aqui da casa Jawlensky e um dos seres de quem eu cuido. A tradução literal do seu nome em português é Rei. Confesso a vocês que ele veste a camisa da sua alcunha. Tivemos no passado sérios embates pelo fato dele não querer amarrar o cadarço. Isso era serviço de quem lhe devia servir. Tive que fazê-lo entender que somos uma família e para sobrevivermos precisamos nos ajudar mutuamente…
Enfim, quarta-feira encontrei-o na cama a se preparar para o fim. Entrei no quarto, cumprimentei-o alegremente e como resposta obtive apenas um sussurro “vou morrer…”
Pensei em chamar um médico, mas conheço meu rei. Sentei-me ao pé da cama e, como um treinador de futebol, disse para ele não se entregar, pois o juiz ainda não havia apitado o fim do jogo.
Ele resistiu… “não sei se consigo, eu estou a ver o fim do túnel”.
Eis que me chamam da cozinha pois havia alguém a ter comigo. Deixo o quarto e atendo o rapaz que faz a entrega das bebidas. Quando volto, para minha surpresa, o rei, de roupão listrado, sentado confortavelmente, com o seu smartphone em mãos a jogar “Clash ofClans“. Ele me olha, sorri e diz em voz alta… “sobrevivi, obrigado. Agora já podes me trazer um sanduíche e chocolate quente.”
Obviamente eu documentei, para vocês,  o drama do rei…

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O Rei em seus “últimos” minutos.
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O Rei “ressuscitado” a jogar Clash of Clans…