Totalmente recuperado, voltei ao filosófico jardim. Com o consentimento de meu médico, posso novamente e felizmente “pegar no pesado”. Faltando uma semana para a feira da primavera, por aqui impera o caos. No entanto, para minha sorte, fui escalado para cuidar das plantas em vaso. São pequenos vegetais que tenho que plantar um a um, com o máximo de cuidado e especial atenção ao tipo de terra utilizada.
Sabem aquela imagem da mãe desesperada cujo filho pequeno só come determinado alimento e fica choramingando quando não é atendido? Sinto-me assim diante das pequenas mudas. É como se eu as ouvisse reclamar quando, porventura eu coloco um ingrediente a mais no seu composto ou troco o tipo de terra. Às vezes elas até murcham em absoluta tristeza. Digo sempre que nossas plantas são manhosas. Escolhem sua terra com uma minúcia digna de quem tem demais.
Explico-me. Os tomateiros, por exemplo, gostam de terra fofinha, escura, enriquecida com punhados de calcário e lascas de chifre de boi. Se não realizamos tal desejo, simplesmente secam. Já os jovens pés de repolho só aceitam terra “cozida”. Para eles, tivemos que comprar o “Dampfer” que, através do vapor, coze a terra e mata os micróbios. As abóboras e os pepinos preferem terra misturada ao composto de cozinha. Quanto mais malcheirosa, mais contentes eles ficam.

Agora, o pior aconteceu quando recebi as berinjelas. Ingenuamente perguntei se tinha que adicionar algum elemento a terra que eu utilizaria. “Elemento?” Perguntou-me o jardineiro chefe assustado. “Essas berinjelas só aceitam terra vulcânica da região de Vogelsberg, caso contrário, se recusam a crescer”.