Goethe, “livro”-nos de todo Sofrimento

Fuçando nos Blogs aprendo muito sobre livros e autores. São infinitas indicações, sugestões e partilhas que me deixam com uma incrível vontade de ler, ler e ler. Bom, aquilo que está nos Blogs é muito diferente das enfadonhas resenhas contidas nos jornais, pois tem a ver com a história íntima de um Ser com o objeto que ele descreve. Nessa terra de confissões, a identificação única com a obra de arte, expressa de forma simples, ou não, cria uma relação diferente, a meu ver, muito mais profunda e significativa. Por exemplo, através do fabuloso autodesafio literário do Fina Flor, estou agora a ler A Garota dos Pés de Vidro.

O Borboletas nos olhos me convida sempre a sair da cegueira habitual. É para mim, um livro recheado de outros livros. No Atitude do Pensar reencontrei, quem diria, Os Demônios de Loudun. Fiquei desejoso e fui obrigado a ligar para o meu irmão e pedir para ele me enviar o tal livro o mais depressa possível. Com essas e muitas outras pessoas, percebo que meu pequeno universo literário se abre cada vez mais, que eu aprendo não só pela leitura em si, mas tão importante quanto, pela forma como ela me chega.

Eu, em minha pequenez, jamais poderia participar de um Meme Literário e responder com algum conteúdo todas aquelas perguntas, mas uma delas, eu me atrevo…

Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele? Por razões que transcendem a própria história eu ficaria com Os Sofrimentos do Jovem Werther. Li a primeira vez, enquanto adolescente, na cozinha da casa dos meus pais ainda em Pomerode, depois em Florianópolis no curso de Filosofia e agora aqui, no idioma original, em meio a minha excêntrica família e no Jardim durante as pausas.

Há duas semanas decidi terminar o romance na própria casa de campo de Goethe em Weimar. Convidei Simone e partimos para minha “espiritual” viagem. O misticismo do parque que circunda o lugar se fez sentir logo que iniciamos o passeio. Entre jovens a tomar sol no gramado e famílias a brincar com os filhos pequenos, exploramos o caminho, nos perdemos e, em uma curva, escondida por um punhado de árvores, a “pequena” casa se fez ser vista.

Ali, em noites de verão, Goethe contemplou a lua, escreveu coisas belas, se entregou ao encanto da ginkgo biloba e escondeu sua amada.  Naquela tarde, com o livro dentro da mochila, rodeado por outros turistas tolinhos assim como eu, tirei algumas fotos e fui-me embora, sem ter lido nada.

Terminei o Werther agora aqui em casa sentado no meu banquinho de Pedra com Simone a levar nossa excêntrica família para um concerto. Não sei ao certo quando, mas é fato que algum dia, em outro contexto, irei encontrar-me novamente com ele.