No início tudo o que via e queria eram diagnósticos. Downs, autistas e tantos outros indecifráveis me deixavam inquieto. Busquei, em vão, papéis assinados pelas pessoas competentes que pudessem me dar a clareza necessária para lidar da melhor forma possível com essas pessoas. Boas intenções recheadas de preconceito e ignorância.
Um dia, sentado na cama, chorei de saudade, desejei voltar e só não o fiz porque Simone, com toda sua ética, estava comigo. Resolvi dar mais um tempo, o tempo de adaptação de que Madalena Freire tanto falava em minhas épocas de professor e agora eu sentia na pele.
Veio o segundo banho, a segunda barbeação, a segunda limpada de bunda. Fiz as mesmas coisas e muitas outras pela terceira, quarta, quinta…infinitas vezes até que aquilo que para mim era feio, tornou-se belo.
Hoje sou eu que os procuro para roubar beijos, partilhar abraços e já não me preocupo com definições. Engraçado é que aquilo que era pra ser efêmero tornou-se duradouro.