A torturinha cotidiana

Na minha opinião, testada empiricamente, todos nós gostamos de torturar os outros. Não falo daquela tortura estilo ditadura militar (aliás, apoio incondicionalmente o grupo Tortura nunca mais) ou do que se fazia durante a Idade Média. Lembro que fui ver uma exposição de objetos utilizados na época, tudo muito interessante, porém cruel e tenebroso também.
Bom, mas sabe aquela torturinha cotidiana, a tempestade em copo d’agua, o falar ininterrupto trinta ou sessenta minutos, as patéticas lições de moral? Tudo isso faz parte da tortura da nóia, do ciúme, da indiferença, do medo, da insegurança. É fato que torturamo-nos uns aos outros. Professores torturam educandos (para utilizar uma nomenclatura atual), maridos suas mulheres, patrões seus empregados, mães seus filhos e é claro vice e versa.
Ontem mesmo aqui em casa, lá pelas onze da noite, Thommy resolveu ouvir rádio no volume máximo. Tortura não só para o companheiro de quarto, mas também para os outros três que dividem o chamado canto dos meninos. Torturou tanto que, em contrapartida, no outro dia os colegas o torturaram ao esconder seu rádio.
Não podemos esquecer a auto tortura, muito mais simples e fascinante do que a autoajuda, afinal adoramos sentir dor por nossa própria conta ou culpa.
Percebo que para muitos a própria vida parece ser uma verdadeira tortura…