Em terras batatais, garrafa elétrica que ferve água, é artigo de primeira necessidade e, assim que vi, me encantei com o objeto. O design, o botão que acende, as bolinhas a subir, nada de gás, apenas uma tomada e 220 Volts de pura alegria. Que incrível praticidade para quem deseja preparar um chá, uma sopa instantânea…
Aqui em casa, como era de se esperar, temos a nossa. Dividida entre os dezoito habitantes, doze com diagnóstico, quatro, não menos malucos, sem e duas crianças.
Léa, como todos os aldeães (denominação atribuída aos moradores da nossa comunidade), tem seus tiques e manias acentuados. Prepara todas as manhãs nada menos do que uns quatro litros de chá verde, divididos em pequenas térmicas prateadas, é uma cena digamos, até bonita de ver e fotografar (hoje acordei cedo para registrar o fato).
Hora da estoica Garrafa-ferve-água entrar em ação. Utilizei o adjetivo acima porque a nossa amiga Léa desconhece as leis da natureza e o significado da palavra paciência, além do mais a botelha elétrica se mostra, por óbvias razões, impassível diante dos fatos. Explico:
Enquanto espera a água borbulhar, Léa conversa…com a garrafa.
– Ferve, anda, ferve, ferve, anda, anda!
Quando não estamos a olhar, bate na coitada…
– Tap, puf, tap, tap, puf, puf!
Já disse para ela que aquele amontoado de plástico é um ser inanimado, impossível de se apressar com tapas, mas não adianta, melhora um pouco na hora, porém no momento seguinte é tap, puf, tap, puf, tap, tap… (ad infinitum).