Sobre o Vinhetas Cotidianas

O Vinhetas Cotidianas é um diário íntimo com pitadas de realidade e homeopáticas doses de ficção.
O Blog teve início na primavera de 2008 quando eu ainda trabalhava como cronista de jornal e professor do ensino fundamental em uma paradisíaca praia na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.
Em 2009 mudei-me para Alemanha. Um pequeno povoado, no topo de uma montanha, onde vivem aproximadamente duzentas pessoas portadoras de necessidades especiais. Aqui, minha esposa e eu, adotamos uma família com treze moradores. Gente que precisa de uma pequena ajuda para que o cotidiano se torne possível. Vivemos todos juntos em uma casa chamada Alexej von Jawlensky Haus. Eu cozinho, dou banho nos “meninos” (todos com mais de quarenta anos), ajudo-os a se organizarem, depois vou para o horto filosófico onde lido com a terra.
Vivemos no lugar de menor densidade demográfica e o maior bolsão de floresta do país. A natureza é exuberante. Pinheiros, carvalhos gigantes, cervos, guaxinins, javalis, raposas, lenhadores e caçadores compõem a nossa vida diária.
Além disso, no início do ano passado, em um inverno penetrante, chegou, para mudar tudo, o nosso Gabriel. Um menino lindo que me deixa as avessas e faz cada dia ser ainda mais único.
O estilo literário que rege este espaço é a crônica. Genuinamente brasileiro, o tal modo de retratar o cotidiano, irreverente, descolado, descritivo e bem temperado complementa este meu ser de parágrafos tão desconexos.
O nome de batismo do Blog é de inspiração do escritor estadunidense Truman Capote. O livro “Música para Camaleões”, talvez sua obra-prima, se aproxima, guardada as devidas proporções, do genial jeitinho brasileiro de escrever. Capote me mostrou também, como o nosso agir comum, em partes impensado, desajeitado, e, consequentemente, engraçado, se repete infinitas vezes no passar dos dias, tal como uma vinheta, dessas que ouvimos nas rádios.
Com relação aos quadros de René Magritte, toda vez que eu me deparo com eles, percebo o quanto um conjunto de corriqueiros elementos tem o poder de significar algo transcendente. Suas pinturas em ambientes prosaicos, fogem da beleza conceitual do mundo pós-moderno e tornam-se, por serem tão triviais, algo sagrado.
Esse encaixe de elementos inusitados faz o Vinhetas Cotidianas ser aquilo que é.
Sintam-se a vontade para curtir, ou não, aquilo que eu entendo por literatura e chamo de vida.