Pomerode e os sujeitos com nome de cidades praianas que ali vivem

Capturaram o Itajaí!  Teoricamente envolvido com tráfico de drogas e tal. Parece que, depois da frutífera ação policial, a paz voltou a imperar na cidade mais alemã do Brasil. Matéria completa aqui!

Bom, nas minhas épocas de colégio estadual José Bonifácio o símbolo máximo da subversão e da periculosidade era um sujeito chamado Floripa.

Vinte e cinco anos e ainda no nono ano. Uma cicatriz de dez centímetros dividindo sua sobrancelha direita, incisivo central superior com a ponta lascada, músculos saltados. Pelo menos era assim que nós, do sexto ano, o víamos. Recém chegou a cidade e já fez da filha de um proeminente a sua namorada.

Adorado, bajulado, tornou-se dentro da nossa pequena e indefesa cidadela, um rei. Lembro ainda que Floripa tinha uma mobilete de no máximo 60 cc, mas para nós, meros seres mortais, vê-lo cruzar a Avenida 21 de janeiro a cinquenta por hora era estar diante do Exterminador do Futuro a ultrapassar a velocidade da luz.

O homem era um Schwarzenegger, capaz de fustigar qualquer um apenas com o seu olhar. Eis que um dia, na escola, durante o intervalo, nós o atrapalhamos.  A sentença, um tanto amena, confesso, foi de seis meses. Durante os minutos do intervalo deveríamos ficar trancados no banheiro.  Caso ele nos pegasse transitando pelo pátio, certamente eu não estaria aqui, a escrever essa história para vocês.

Lembro que Fábio, um amigo dos tempos de cativeiro, viu o subversivo cheirar corretivo líquido e depois roubar pão com molho de um moleque do quarto ano. A popular “larica” depois do uso de corretores líquidos ainda não foi comprovada cientificamente. Pelo menos não consta no Google.

Floripa encontrava-se com sua trupe, segundo a língua do povo para rituais macabros,  no enigmático “Tapume do Weege”, que também não consta no Google. Era uma espécie de terra sem lei, um lugar onde o sol não chega nunca. Habitado apenas por Floripa, seus comparsas, Scar e algumas hienas.

Sei que Floripa, por algum motivo que não lembro, terminou com a namorada e sumiu. O fato é que, enquanto aparecerem sujeitos com apelidos do tipo Itajaí, Garopaba, Floripa, Laguna, Bombinhas e Itapoá, nós estamos bem. Duro vai ficar o dia em que alguém alcunhado de “Rio” chegar por aqui. Quando isso acontecer, meus amigos, só mesmo o exército da salvação para livrar-nos do mal.