O que aprendi com a eleição de 2020

Depois de meses de duro trabalho a extraordinária eleição, na cidade mais alemã do Brasil, chegou ao seu fim. 6.693 pomerodenses decidiram que o trabalho de Ércio Kriek deve continuar. 10.768 eleitores dividiram seus votos entre Rafael, Frank, Jair e Beto. 544 deixaram a cédula em branco e 1.032 anularam.
Eu, por inúmeros motivos, se tivesse a oportunidade, não votaria em Ércio, mas ele ganhou e um dos pilares mais nobres da democracia é aceitar o desejo da maioria. Aceitar não significa concordar, mas sim e muito importante, respeitar o concorrente vitorioso e aqueles muitos que nele confiaram.
Foi emocionante ter cinco candidatos a trabalhar duro por esse pequeno pedaço de mundo que tanto amamos, cada um com suas virtudes e habilidades. Me sinto grato por ter conseguido acompanhar o caminho desses nobres senhores e com eles, confesso, aprendi muito. O Rafael, por exemplo, sua determinação, seu respeito pelo outro, seu “ser família”, que sujeito para uma boa conversa em um entardecer primaveril daqueles que só acontecem em Pomerode.
O Jair, sua eloquência e ponderação. Com ele tivemos, entre os candidatos, um educador e, queridos amigos, assim ele se colocou, do começo ao fim.
Platão, na República, defendeu que o filósofo seria o melhor político. Eu, no entanto, ao ver e ouvir Jair, diria que isso se aplica aos educadores de maneira geral.
Frank poderia curtir, sem muitos sobressaltos, a aposentadoria que lhe é cabida, mas teve coragem para sair da zona de conforto e ir para rua defender uma nova proposta para a cidade.
E o Beto? Ah, o Beto é um ser polêmico e encantador ao mesmo tempo. Beto tem uma autoestima invejável, é um ser positivo, engraçado e deveras altivo. Embora seja um Republicano, nos termos da nossa Pequena Alemanha, foi um quase comunista, ou melhor, um daqueles deputados do Partido Verde alemão que dão ao Bundestag um pouco de vida.
Enfim, a eleição me possibilitou encontros, reencontros e a redescoberta de uma gente fabulosa. Obrigado pelos comentários e também, não em menor número, pelos xingamentos.
Pela lógica o texto deveria ter terminado, no entanto, o leitor mais atento deve estar a se perguntar: Ele não vai mencionar o prefeito reeleito?
Bom, sobre o Ércio, apenas fico feliz dele se chamar Kriek, pois segundo consta, o nome vem de “Kriec” (Anstrengung, nach etwas Streben, streitbar), ou seja alguém que se esforça, briga e luta para alcançar algo. Não confundam com Krieg (guerra). Já o seu vice se chama Chico Hass e, segundo a etimologia do nome, nada tem a ver com ódio, muito pelo contrário, alguns livros dão como significado “starker Berater” ou seja, um vigoroso conselheiro.