O estado de natureza, a cerca elétrica e o estado de guerra

Fulano disse outrora que o estado de natureza é o estado de guerra e sem a mão forte do Estado é um tal de toma lá da cá.

O Estado aqui nesse caso deve ser algo parecido com a nossa Tropa de Elite, cujo lema “Trucidar para a paz” se aplica perfeitamente.

Beltrano escreveu que não. O estado de natureza é o estado de comunhão e paz onde a inveja não tem vez, simplesmente porque nada é de ninguém e tudo é de todo mundo.

Tudo muito Flower Power até que um ser, desses que vivem à sombra (para plagiar um pouco), empregado de alguma concessionária de energia, trajando um macacão alaranjado, inventa a cerca elétrica e resolve cercar um pedaço de terra. Algo em torno de 360 metros quadrados. Dentro daquele pedaço de chão envolto em um inocente fiozinho metálico, escreve (o ser de macacão) um cartaz com letras garrafais: Pedaço de terra pertencente a José Augusto Estatutário da Costa!

Nasce, nesse exato momento, aquilo que entendemos por propriedade. Em seu proto-estágio de evolução um inocente formato geométrico traçado na geografia do planeta e pertencente a alguém que até então não fez mal a ninguém.

Eis que um incauto transeunte de bexiga cheia, sem se dar conta do limite imposto por José Augusto, resolve tirar a água do joelho e mira justo em cima do imperceptível fiozinho metálico.

O sujeito toma um choque daqueles de fritar instantaneamente qualquer órgão do corpo humano.

Não, não vou colocar nenhuma foto bizarra aqui no Blog, mas o homem, após o incidente, não conseguiu fazer prole. Magoado, depois da “recuperação”, foi tirar satisfações com o seu Estatutário que, ao ouvir o causo, enfureceu-se de tal maneira e acabou por cair no braço com o pobre sujeito que, inocente, nem ideia tinha do que a propriedade, esse conceito de vanguarda, significava.

Resultado: José Augusto deu a primeira bordoada. O outro, mesmo ferido, devolveu-lhe uma bofetada. A pancadaria aumentou e continuou. Chamaram os filhos, depois os irmãos, tios, cunhados, primos segundos, terceiros, quartos e assim, meus amigos, a propriedade originou o estado de guerra.