Nostalgia & Döner Kebap

A nostalgia é inerente a quem vive fora do país. Tem dias que somos dominados por saudades tolas, que fogem ao trivial, como aquela que sentimos da família e dos amigos. Quando estamos a quilômetros de distância, nos falta o absurdo, o cotidiano, o improvável.
Há quem sente falta do vento quente que sopra no pico de nossos verões, de ir ao banco de bermudas e havaianas, de fazer trilha em mata de verdade, de ver saguis, cobras, orquídeas, passar por lombadas, desviar de buracos, ir a praia, encharcar-se em um aguaceiro, assistir telenovela… São coisas que não cabem em malas de no máximo 32 quilos.

Eu particularmente sempre curti um bom e enigmático “x” salada, afinal o “x” é sempre a incógnita da equação (nunca sabemos o que vamos encontrar lá dentro). Confesso que assim como muitas coisas, tive que encontrar um substituto as minhas necessidades e o fiz, pasmem, com os turcos. Os turcos que aqui vivem desenvolveram um sanduíche alcunhado de Döner Kebap. O negócio é tão popular e se proliferou de forma tão absurda que quase toda esquina alemã tem uma casa vendendo o dito Döner. A estrutura delas assemelha-se aos nossos botecos. Nada de luxo, muito menos de higienização absurda. Quem faz o tal sanduíche normalmente veste, assim como os nossos chapeiros, jaleco encardido. Só que aqui, em vez da chapa, eles prensam a carne e a assam em um espeto gigante que fica rodando.

O preparo da iguaria é simples. Eles abrem o pão quentinho, selecionam lasquinhas de carne bem passada, completam com uma sortida salada, molho especial e… Guten Appetit!