Ainda que não sejamos pessoas significantes e sejamos impedidos de sermos porta-voz de sua causa, acreditamos e, depois dessa viagem mais firmemente do que antes, que a divisão da América em nacionalidades incertas e ilusórias é completamente fictícia. Constituímos uma única raça mestiça desde o México até o estreito de Magalhães.
A revolução está encaminhada, se processa e se constrói em encontros casuais e lugares inusitados, como foi com Jorge. Boliviano, político feroz, intelectual mordaz, dono de um coração do tamanho do Salar de Uyuni, o maior lago salgado do mundo e que fica, pasmem, na Bolívia. Foi com ele que discutimos as preliminares do projeto, em mesas comuns e com refeições “Demeter”, testando a nossa rebeldia de trintões no meio da noite, bebendo cerveja, sentados em calçadas de cidades fantasmas das quais nunca ouvimos falar.